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IPv6: por que ainda há tantas barreiras para adoção?

IPv6: por que ainda há tantas barreiras para adoção?



Publicado em: 16 de out. de 2024
Categoria: Redes

Há alguns anos, foi previsto que o IPv4 não conseguiria suportar o crescimento da demanda por acesso à rede de Internet. Existe uma limitação na quantidade de endereços IPs. Esse diagnóstico foi feito com antecedência. No entanto, mesmo após o surgimento do IPv6, a migração ainda não foi concretizada.

Para solucionar esse problema, os ISPs (Internet Service Provider, ou Provedores de Serviço de Internet) implementam o CGNAT (Carrier Grade Network Address Translation, ou Tradutor de Endereço de Internet) como remediação paliativa.

Quer entender melhor o que acontece e como a sua empresa pode se preparar? Continue a leitura deste post!

O que significa IPv6?

IP é a sigla para (Internet Protocol, ou Protocolo de Internet) enquanto v6 sinaliza a versão deste código, ou seja, a sexta. Segundo Leandro Camargo, gerente de Engenharia e Segurança de TI da UPX, o IPv6 é a nova família de endereços IPs, que possibilita que um maior número de dispositivos se conectem à Internet. Para se ter uma ideia, essa nova estrutura suporta até 340 undecilhões de endereços únicos.

Nesse sentido, a maior diferença entre o IPv4 é a sua capacidade. Nessa versão, existem apenas 4 bilhões de endereços possíveis. Essa restrição de endereços únicos obriga os provedores de Internet a usarem o CGNAT para ampliar a sua capacidade. Nesse modelo paliativo, que cresce desde 2010, dois ou mais usuários usam o mesmo endereço de IP. O que difere é que cada um é destinado para uma porta de acesso distinta.

O problema é que essa solução paliativa é um estímulo para o surgimento e a aplicação de ataques maliciosos feitos por hackers. Como mais de um usuário compartilha o mesmo IP, existe uma dificuldade em rastrear a origem da ação. Nesse sentido, os criminosos sabem que as chances de serem punidos são mínimas.

Para aumentar as chances de ter eficácia no processo de rastreio de casos de crimes cibernéticos, a legislação brasileira regulamenta diretrizes importantes. Dentre elas, a de maior destaque é a obrigatoriedade dos provedores de Internet em manter os dados de acesso dos clientes às portas por um período de um ano.

Como está a migração no Brasil?

De acordo com Leandro Camargo, o movimento de migração no Brasil caminha a passos lentos. “O problema maior é em ISPs regionais e empresas de hosts de pequeno porte, que só têm IPv4 implementado. Grandes corporações já usam IPv6″, explica. Hoje, os provedores de Internet regionais lideram a fatia do mercado.

Infraestrutura

As empresas que oferecem conexão via fibra óptica ou rádio garantem o serviço IPv6 para seus clientes. No passado, existia um despreparo dos fornecedores para a entrega de equipamentos com suporte para o IPv6. É quando os negócios de grande porte saem na frente e os regionalizados acabam por enfrentar dificuldades: pode ser que haja falta de conhecimento sobre isso.

Os provedores de Internet regionais são negócios menores que, juntos, somam um impacto considerável no segmento. Pode-se não ter à disposição os recursos necessários para fazer o investimento de mudança, que se torna mais complexo em decorrência dos impasses relacionados aos fornecedores.

É preciso que esses negócios se conscientizem para acelerar o processo de migração do IPv4 para o IPv6. Inclusive, o Registro.BR anunciou, em 2020, que o estoque de IPs da versão quatro esgotou. Isso demanda que os provedores regionais comecem, agora mesmo, a atualização de recursos para atender à nova realidade.

Logística

Hoje, os dispositivos usados pela maioria dos clientes já suportam o IPv6. Inclusive, muitos funcionam de forma híbrida, em decorrência do CGNAT. Nesse sentido, do ponto de vista do usuário, há menos barreiras logísticas se comparamos com 5 anos atrás. “Todos os equipamentos já suportam IPv6 e basta que seja configurado”, esclarece Camargo.

Há aspectos negativos no IPv6?

No processo de migração para o IPv6, muitos provedores de Internet, gestores de redes e até clientes têm dúvidas em relação a possíveis impactos negativos disso. Pensando nisso, a seguir, apresentamos quais são os aspectos que mais geram dúvidas e se, de fato, existe impacto.

Novas redes

Há boatos de que o IPv6 dificultaria a criação e a implementação de novas redes. Isso não procede, pois o processo continua o mesmo. A única diferença para a versão anterior é a capacidade que ele suporta. Se o dispositivo do cliente aceita a configuração IPv6, não há com o que se preocupar. O que pode dificultar o surgimento de novas redes é a não migração para a nova versão do protocolo. Afinal, se alcançará o teto da capacidade.

Sites e aplicações

Para todas as frentes de “impactos negativos”, é preciso deixar claro e reforçar que o IPv6, em si, não gera nenhum efeito colateral. É a sua ausência que vai trazer “dores de cabeça” para provedores e usuários. A limitação de endereços do IPv4 vai refletir na redução do surgimento de novas aplicações e sites.

Inclusão digital

Se o código IPv4 atingir o seu limite, vamos entrar em um retrocesso que impacta diretamente a economia. Sem espaço para novos usuários na Internet, iniciaremos um movimento de “exclusão digital”, pois muitos não conseguirão ter acesso. Por isso, o IPv6 é imprescindível.

Em um momento onde o capitalismo vivencia a ascensão de negócios digitais, não podemos deixar a migração para depois. Para se ter uma ideia, durante a pandemia da Covid-19, o e-commerce brasileiro atingiu a marca impressionante de crescimento correspondente a 122%.

Aumento do NAT

A ausência de provedores com a migração para o IPv6 concluída, infelizmente, dá espaço para que os crimes cibernéticos continuem a acontecer. Enquanto essas empresas não fizerem a transição, o CGNAT continuará como uma solução paliativa que, inclusive, também tem suas limitações.

Como corrigir esses aspectos?

Para acelerar o movimento de migração do IPv4 para o IPv6 é crucial a conscientização dos gestores responsáveis por esses provedores de Internet. É fundamental investir na capacitação contínua e até fazer benchmarking, se fizer sentido para eles, para implementar essa mudança em alta performance.

“Pode ser que dentro de alguns meses ou anos, os profissionais de empresas de pequeno porte enxerguem a importância disso e finalmente apliquem o v6 em suas redes”, conta Camargo. A transição para o IPv6 traz vantagens para clientes, domésticos ou corporativos, e fornecedores de Internet. Quanto antes for concluída, melhor. Por isso, é essencial aprimorar os conhecimentos para que essa migração seja concretizada.

Gostou deste post? Se você achou esse tema interessante e quer entender melhor como funciona essa questão da migração e do uso de CGNAT, aproveite e confira outro artigo especial!


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