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Os IPs acabaram! CGNAT solução ou problema na internet banda larga?

Os IPs acabaram! CGNAT solução ou problema na internet banda larga?



Publicado em: 21 de mar. de 2025
Categoria: Redes

Ao contratar um serviço de internet banda larga, você está se conectando por meio de um provedor, e com o aumento da digitalização, a demanda por conexões simultâneas cresce cada vez mais. Isso pressiona diretamente a oferta de endereços IP (Internet Protocol), que são fundamentais para identificar cada dispositivo conectado à rede.

Para ter uma noção dessa necessidade, basta observar que mais da metade da população brasileira já tem acesso à internet. Com a transformação digital acelerada, especialmente pelo trabalho remoto e uso massivo de serviços online, essa tendência só tende a aumentar.

Mas como os provedores conseguem atender a essa demanda crescente? Uma das respostas está no uso do CGNAT, uma tecnologia criada para contornar a limitação de endereços IP disponíveis no modelo IPv4.


O que são NAT e CGNAT?

O NAT (Network Address Translation), ou Tradução de Endereço de Rede, é um protocolo usado para permitir que vários dispositivos em uma rede privada compartilhem um único endereço IP público ao se conectarem à internet. Ele geralmente é implementado em roteadores domésticos.

Já o CGNAT (Carrier-Grade NAT), também conhecido como NAT de grande escala, é uma variação do NAT aplicada em nível de operadora. Com ele, o provedor consegue compartilhar um único endereço IP público entre diversos usuários simultaneamente, usando a separação por portas de acesso para diferenciar cada conexão.


De onde surgiu essa necessidade?

A necessidade do CGNAT está diretamente relacionada à escassez de endereços no protocolo IPv4. Para entender isso, é preciso voltar no tempo, à origem da internet comercial.

Nos primeiros anos da internet, o IPv4 foi definido como o padrão para identificar dispositivos conectados à rede. Esse protocolo permite cerca de 4,3 bilhões de endereços IP únicos — o que parecia suficiente na década de 1980. Porém, com a explosão da web comercial a partir dos anos 1990 e principalmente após 2010, esse número se mostrou limitado.

Com o crescimento do e-commerce, redes sociais, dispositivos móveis e, mais recentemente, a internet das coisas (IoT), a demanda por IPs disparou. Para ilustrar, apenas o Brasil tem mais de 424 milhões de smartphones em uso. Isso sem contar computadores, roteadores, câmeras e outros dispositivos conectados.


A escassez do IPv4 e o surgimento do IPv6

Para resolver essa limitação, foi desenvolvido o IPv6, uma nova versão do protocolo capaz de gerar 340 undecilhões de endereços — um número praticamente inesgotável. O IPv6 é tecnicamente superior e está pronto para suportar o crescimento da internet pelas próximas décadas.

No entanto, a transição para o IPv6 tem sido lenta. Isso porque ela exige atualizações nos equipamentos dos provedores, compatibilidade com sistemas e um investimento considerável em infraestrutura. Até que essa migração seja concluída em larga escala, o CGNAT surgiu como uma solução paliativa para seguir atendendo novos usuários sem interromper o crescimento da rede.


CGNAT: solução ou problema?

Antigamente, existiam dois perfis de consumidores de IPs, sendo eles usuários de:

  • IPs dinâmicos, onde cada conexão gerava um novo endereço de IP;
  • IPs fixos, em que o custo de contratação era mais caro, mas permitia a exclusividade do endereço de IP, fazendo ser possível até hospedar serviços de Internet.

A implementação do CGNAT permite que o provedor de acesso atribua o mesmo endereço de IP para usuários distintos. Isso é realizado de forma simultânea. A diferença é que cada um é direcionado para portas de acesso distintas. Nesse sentido, podemos considerar o CGNAT como uma solução paliativa para o aumento de demanda de acesso à rede de Internet.


Desvantagens do CGNAT

Por ser uma solução paliativa até a troca dos IPs para IPv6, o CGNAT tem pontos negativos que devem ser de conhecimento dos usuários, principalmente de quem realiza a gestão de redes. Algumas das desvantagens do CGNAT são:

  • dificuldade de utilização de alguns dispositivos, como câmera de vigilância;
  • dificuldades de identificação de IP devido à duplicidade em casos de investigações;
  • ausência de autonomia para gerar a política de redirecionamento;
  • riscos de falhas de autenticação de usuários que compartilham o mesmo endereço de IP;
  • possibilidade de ter um duplo NAT (um NAT na casa do cliente e o CGNAT da operadora).

Como lidar com o CGNAT e proteger sua rede?

A adoção do CGNAT foi uma solução viável para enfrentar a escassez de endereços IPv4 enquanto a adoção do IPv6 ainda está em andamento. No entanto, seus impactos operacionais e de segurança não podem ser ignorados, principalmente em ambientes empresariais, onde confiabilidade, rastreabilidade e controle são fatores críticos.

Diante de um cenário com milhões de dispositivos conectados e potenciais ameaças ocultas sob IPs compartilhados, é fundamental proteger sua rede contra abusos, vazamentos de dados e ataques que podem se camuflar nessa infraestrutura.



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