Em um cenário onde as ameaças digitais evoluem constantemente, proteger a infraestrutura da internet se torna uma missão crítica, especialmente para quem atua com redes, provedores e Sistemas Autônomos (AS). Um dos incidentes que afetam o roteamento global é o BGP hijacking, também conhecido como sequestro de rota.
Neste artigo, você vai entender o que é o protocolo BGP, como funciona um BGP hijack, quais são seus impactos e, principalmente, como preveni-lo com boas práticas e soluções adequadas.
O que é o protocolo BGP?
O BGP (Border Gateway Protocol) é o protocolo responsável por interligar todos os Sistemas Autônomos da internet, permitindo a troca de informações de roteamento entre diferentes redes.
Imagine o BGP como um “serviço postal da internet”: ele calcula e decide os melhores caminhos para que os pacotes de dados saiam de um ponto e cheguem a outro, considerando desempenho e eficiência. Sem o BGP, a internet simplesmente não funciona, e-mails, sites, aplicativos e plataformas não conseguiriam se comunicar entre si.
O que é BGP hijacking?
O BGP hijacking ocorre quando um Sistema Autônomo anuncia incorretamente um prefixo IP que não lhe pertence, fazendo com que o tráfego da internet seja redirecionado de forma fraudulenta.
Essa prática pode ser intencional (maliciosa) ou acidental (por erro de configuração), e os impactos são significativos: interrupção de serviços, espionagem de tráfego, roubo de dados, phishing, ataques DDoS, entre outros.
A dificuldade está no fato de que o BGP não possui validação nativa de origem de prefixo. Isso significa que os Sistemas Autônomos aceitam, por padrão, os anúncios recebidos, mesmo que o prefixo não pertença a quem o anunciou.
Quais são os tipos e impactos do BGP hijacking?
Existem diferentes formas de ataque (ou falha) envolvendo o BGP hijack. A seguir, destacamos os principais cenários:
1. Erro de configuração
A causa mais comum de hijacking acidental. Um operador pode anunciar um prefixo errado por engano, impactando outros ASs sem intenção maliciosa. Mesmo assim, o prejuízo pode ser grande, afetando empresas, provedores e milhares de usuários.
2. Phishing e redirecionamento
No sequestro malicioso de rota, o tráfego é direcionado para sites falsos que imitam páginas legítimas (como bancos ou redes sociais). O objetivo é capturar credenciais, dados bancários ou informações sensíveis, o que torna o ataque altamente lucrativo e difícil de rastrear.
3. Man-in-the-middle (MitM)
Ataques do tipo man-in-the-middle via BGP hijack permitem ao invasor interceptar o tráfego entre dois pontos, sem que os usuários percebam. Isso possibilita a coleta de cookies, sessões, logins e até a alteração do conteúdo em trânsito.
4. Falsificação de IPs e ataques DDoS
Prefixos sequestrados também são usados para spoofing de IPs, viabilizando ataques volumétricos (DDoS) e envio massivo de spam, dificultando o rastreamento da origem real e tornando o bloqueio menos eficaz.
Como detectar e prevenir o BGP hijacking?
Embora o BGP hijack seja complexo, ele pode e deve ser prevenido com uma combinação de boas práticas técnicas, monitoramento contínuo e validação criptográfica. Veja as principais abordagens:
1. Monitoramento automatizado de rotas
Soluções com painéis visuais e alertas automáticos ajudam a identificar alterações inesperadas nas rotas BGP. Isso reduz o tempo de resposta e facilita a detecção de desvios de tráfego, erros de configuração e ataques em andamento.
2. Filtragem de prefixos IP
Aplicar políticas de filtragem em roteadores BGP evita a aceitação de prefixos não autorizados. A filtragem pode ser baseada em registros de IRR (Internet Routing Registry) ou validações mais avançadas, como as feitas com RPKI.
3. Implementação de RPKI
O RPKI (Resource Public Key Infrastructure) é uma tecnologia baseada em criptografia que permite validar se um ASN está autorizado a anunciar um prefixo. Com ela, é possível rejeitar automaticamente rotas inválidas, reduzindo o risco de hijack.
4. Acompanhamento de indicadores de desempenho
Anomalias como aumento de latência, tráfego redirecionado, perdas de pacotes ou instabilidade podem indicar um sequestro de rota em andamento. Monitorar métricas de NRT e desempenho da rede ajuda a agir proativamente.
Conclusão: o BGP hijacking é uma ameaça real, mas pode ser combatido
O BGP hijacking representa uma vulnerabilidade crítica da internet global — explorada tanto por falhas operacionais quanto por agentes maliciosos. Os impactos são reais: indisponibilidade, interceptação de dados e prejuízos financeiros.
Por isso, provedores, empresas e operadores de rede devem tratar a proteção do BGP como prioridade. A adoção de ferramentas como RPKI, filtragem de prefixos, monitoramento ativo e políticas bem definidas são passos essenciais para garantir a integridade do tráfego e a segurança da infraestrutura de rede.
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